A Delicada Falta de Mim

Hudson Cunha

Nunca estive aqui.

Vaguei desde sempre

e, na jornada, me perdi;

o que restou foi o atravessamento.

 

Como açúcar na água,

me diluí —

em corpos e espíritos alheios,

me confundi com os passantes.

 

Um drama encenado,

uma dor pulsante — jamais soube

se era minha, se dos andantes.

Tudo era muito.

E de tudo eu era feito:

medos, dores e amores.

 

De mim mesmo, raso fiquei:

vazio, desamparado,

perdido em personagens transeuntes,

amado apenas nas frestas

das facetas que inventei.

  • Autor: Hud Cunha (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de dezembro de 2025 16:19
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 4


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.