Nunca estive aqui.
Vaguei desde sempre
e, na jornada, me perdi;
o que restou foi o atravessamento.
Como açúcar na água,
me diluí —
em corpos e espíritos alheios,
me confundi com os passantes.
Um drama encenado,
uma dor pulsante — jamais soube
se era minha, se dos andantes.
Tudo era muito.
E de tudo eu era feito:
medos, dores e amores.
De mim mesmo, raso fiquei:
vazio, desamparado,
perdido em personagens transeuntes,
amado apenas nas frestas
das facetas que inventei.