Não sei compor o Eros. Minha pena,
Treinada em musas pálidas e frias,
Hesita ante a vibrante obscenidade plena,
Preferindo as abstratas alegrias.
Que termo usar? Diria "corpo em chama"?
Ou talvez, mais à moda, "a carne pulsa"?
Receio soar como um clichê de drama,
Quando o que anseio é a volúpia avulsa.
Meus versos são, confesso, castos freis,
Enquanto o tema exige o gesto cru;
Gostaria de narrar os nodos da pele e a lei
Que rege o rubro gozo, o olhar nu.*
Juro que tentaria descrever, por linhas mestras,
O arco côncavo do dorso sobre o lençol desfeito,
Mas a sintaxe da luxúria me atropela nas sestas,
E sou só um poeta pedante, mas sem jeito.
Porém, se a rima falha, a paixão não cala a boca,
E o que este pobre vate não escreve em alexandrinos,
Talvez se diga melhor quando a roupa for pouca...
E os gemidos quebram todos os meus rígidos hinos.
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Autor:
Versos Discretos (
Offline) - Publicado: 28 de novembro de 2025 08:55
- Comentário do autor sobre o poema: *Onde se lê “rubro gozo”, imagine um frêmito De cetim e suor, um êxtase conciso, Mas com o ritmo exato de um alexandrino ilegítimo, E a urgência de um beijo não preciso.
- Categoria: Erótico
- Visualizações: 4

Offline)
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