Campari
A vida, como um jogo de cartas, nos separou em estradas paralelas,
Onde, apesar de tudo, o destino insistiu em nos reunir.
Eu, à margem de meu próprio caos,
E ela, brava felina, enfrentando suas próprias tempestades,
Ambos em caminhos diferentes, mas que partiram de um mesmo ponto.
Mas é incrível como certos encontros nunca se apagam,
E como o tempo, que tenta nos moldar,
Não consegue apagar o que o passado fez por nós.
Basta uma garrafa de Campari,
E o jogo recomeça, suave como um perfume antigo,
Despertando memórias guardadas em cada gole, de início amargo, mas que logo se transforma em mel.
Eu, como sempre, sou o amante da noite,
Com palavras que dançam e gestos calculados,
Mas é no silêncio dos olhos dela
Que o tempo se torna cúmplice.
A elegância dela, disfarçada de distância,
Traz à tona o que fingimos não ser (amigos?).
Ah, como o Campari tem esse poder...
Com cada dose, uma memória surge,
E com ela, o desejo de reviver o que jamais deveria ter sido.
Não falo de promessas, nem de beijos roubados,
Mas de um pacto silencioso entre nós dois,
Onde o tempo nos permite brincar com o impossível.
Eu não sou homem para explicações,
E ela, doce enigma, sabe disso.
Mas, sempre que os copos se encontram,
O passado volta a nos chamar,
E, como marinheiro a deriva nos tornamos náufragos
Dos desejos mesmo sabendo do abismo
Desse fogo que não há retorno,
Mas a sedução do risco nos faz continuar.
Proibido, misterioso e, sim, irresistível,
É esse jogo que jogamos, sem palavras, sem promessas,
Porque, no fim, a única coisa que nos resta
É o que a noite e uma garrafa de Campari nos permitem reviver:
A paixão sem nome, que adormece assim que a manhã volta a raiar...
-
Autor:
C.araujo (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 24 de novembro de 2025 21:20
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2

Offline)
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.