GOSTAVA DE MORRER SERENAMENTE

Arthur Santos

GOSTAVA DE MORRER SERENAMENTE

 

já que tem de ser,

gostava de morrer serenamente.

de preferência adormecer tranquilamente

e não acordar dessa ausência.

sem sofrer.

sem saber que a vida se vai.

como o meu pai.

 

fechar os olhos, não acordar

e tudo ficar exactamente como estava

antes.

 

por mim, missão cumprida.

não quero ninguém a chorar a minha partida.

não quero velório

nem uma cova como meu território.

não quero nenhum lamento.

quero cinzas a voar com o vento

ou diluídas ao sabor de uma qualquer

maresia.

 

deixo como testamento,

a minha poesia.

 

tenho dito.

cumpra-se!

 

Comentários +

Comentários2

  • Edla Marinho

    Ah! Que bom seria partir assim como quem adormece!
    "já que tem de ser,

    gostava de morrer serenamente"

    Acho que eu queria ter escrito isto, já que esse desejo eu também carrego comigo.
    Gostei demais, caro poeta.
    Meu abraço!

    • Arthur Santos

      Sim caríssima poetisa Edla... já que tem de ser...
      Obrigado pelo comentário, adorei!

    • Jairéko

      Que maravilha seria morrer domingo Arthur, sem dor e nem percepção do que está acontecendo! Mas quero algumas pessoas chorando sim a minha falta, e sorrindo depois lendo minhas poesias que dixarei! kkkk, belo poema!!!

      • Arthur Santos

        Obrigado pleo comentário. Fez-me lembrar o poema "Domingo", do poeta português Manuel da Fonseca (1911/1993).
        https://ocastendo.blogs.sapo.pt/685708.html

        • Jairéko

          Não conheço, mas vou ver!



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