Arthur Santos

GOSTAVA DE MORRER SERENAMENTE

GOSTAVA DE MORRER SERENAMENTE

 

já que tem de ser,

gostava de morrer serenamente.

de preferência adormecer tranquilamente

e não acordar dessa ausência.

sem sofrer.

sem saber que a vida se vai.

como o meu pai.

 

fechar os olhos, não acordar

e tudo ficar exactamente como estava

antes.

 

por mim, missão cumprida.

não quero ninguém a chorar a minha partida.

não quero velório

nem uma cova como meu território.

não quero nenhum lamento.

quero cinzas a voar com o vento

ou diluídas ao sabor de uma qualquer

maresia.

 

deixo como testamento,

a minha poesia.

 

tenho dito.

cumpra-se!