As luzes já dançam nas ruas,
e nelas o reflexo apressado
de quem corre sem ver —
sem se ver.
Vivemos no raso,
na pressa que dissolve o sentir,
na entrega que dura um clique,
no abraço que não chega a aquecer.
É tudo tão líquido…
Os sonhos evaporam,
as promessas escorrem pelos dedos,
o amor — às vezes — vira notificação não lida.
Mas a vida, em silêncio,
segue nos chamando:
parar.
Respirar.
Lembrar o que não se compra.
Entre uma esquina e outra,
há um instante esquecido —
um sinal de que a essência
ainda habita o simples.
E se o mundo insiste em correr,
que ao menos o coração aprenda a ficar.
A permanecer no gesto,
na fé,
no amor que não se esgota.
Porque é ali —
no que é essencial e invisível —
que a vida verdadeiramente acontece.
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Autor:
Medusa (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 6 de novembro de 2025 13:13
- Comentário do autor sobre o poema: Esse poema é sobre a ideia de unir tempo, pausa e reencontro, com uma leve crítica à fluidez moderna, aos “sentimentos líquidos”, à pressa que dilui o essencial.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 6
- Usuários favoritos deste poema: Yves de Sá

Offline)
Comentários3
É um poema que nos faz ver o mundo de outra perspectiva
Senti cada palavra, muito emotivo.
Lindo seu poema, bem reflexivo, realmente a essência é algo extraordinário que poucos possuem. Boa noite poetisa.
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