Essência

Minha Caixa de Pandora

As luzes já dançam nas ruas,

e nelas o reflexo apressado

de quem corre sem ver —

sem se ver.

 

Vivemos no raso,

na pressa que dissolve o sentir,

na entrega que dura um clique,

no abraço que não chega a aquecer.

 

É tudo tão líquido…

Os sonhos evaporam,

as promessas escorrem pelos dedos,

o amor — às vezes — vira notificação não lida.

 

Mas a vida, em silêncio,

segue nos chamando:

parar.

Respirar.

Lembrar o que não se compra.

 

Entre uma esquina e outra,

há um instante esquecido —

um sinal de que a essência

ainda habita o simples.

 

E se o mundo insiste em correr,

que ao menos o coração aprenda a ficar.

A permanecer no gesto,

na fé,

no amor que não se esgota.

 

Porque é ali —

no que é essencial e invisível —

que a vida verdadeiramente acontece.

  • Autor: Medusa (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de novembro de 2025 13:13
  • Comentário do autor sobre o poema: Esse poema é sobre a ideia de unir tempo, pausa e reencontro, com uma leve crítica à fluidez moderna, aos “sentimentos líquidos”, à pressa que dilui o essencial.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 6
  • Usuários favoritos deste poema: Yves de Sá
Comentários +

Comentários3

  • Arthur Santos

    É um poema que nos faz ver o mundo de outra perspectiva

  • Arthur Santos

    Senti cada palavra, muito emotivo.

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    Lindo seu poema, bem reflexivo, realmente a essência é algo extraordinário que poucos possuem. Boa noite poetisa.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.