Margaret

Charles Araújo

Margaret

 

Tu não apareceste em minha vida como quem chega,mas vieste como quem sempre esteve,

esperando o instante exato

em que eu voltaria a acreditar.

 

Antes de ti, confesso que

fui navegante devasso que aportou nos mais diversos portos até perder a própria fé,

feito um marinheiro que esqueceu o céu.

Mas então, teus olhos 

dois faróis suaves e ao mesmo tempo intensos 

clarearam as brumas da minha descrença.

 

Não disseste nada,

além do que foi necessário,

e até teu silêncio meu coração ouvia

como ondas rompendo na praia,

fazendo-me promessas que o tempo não poderia desfazer.

E quando sorristes, e minha mente gravou tua feição,meu peito, exausto de tempestades,

soube: encontrei terra firme.

 

Em ti, o meu mundo se aquietou.

As dores antigas dormiram,

e até o vento mudou de rumo

para soprar teu nome.

 

Tenho em ti a delicadeza do refúgio

e a força que sempre precisei.

Teu toque não cura, mas me transforma.

Teu olhar não prende, mas devolve-me a crença.

E quando me perco,

é só pensar em ti que reencontro o norte.

 

Margaret, meu amor,

se o universo me desse o dom de escolher

onde o tempo deveria parar,

eu escolheria o instante

em que teu coração repousa junto ao meu.

 

Tu és mais que a enseada que me acolheu;

és o próprio mar onde quero me perder,

a maré que me leva e me devolve à vida,

a eternidade que o acaso, generoso, me concedeu.

 

E se um dia perguntarem o que é o amor para mim, que já não mais acreditava nele,

responderei sem hesitar:

é o nome que o vento sussurra,

Margaret, a mulher que me devolveu a vida.

 

C.Araujo

 

  • Autor: C.araujo (Pseudónimo (Online Online)
  • Publicado: 3 de novembro de 2025 17:43
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 3
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