Margaret
Tu não apareceste em minha vida como quem chega,mas vieste como quem sempre esteve,
esperando o instante exato
em que eu voltaria a acreditar.
Antes de ti, confesso que
fui navegante devasso que aportou nos mais diversos portos até perder a própria fé,
feito um marinheiro que esqueceu o céu.
Mas então, teus olhos
dois faróis suaves e ao mesmo tempo intensos
clarearam as brumas da minha descrença.
Não disseste nada,
além do que foi necessário,
e até teu silêncio meu coração ouvia
como ondas rompendo na praia,
fazendo-me promessas que o tempo não poderia desfazer.
E quando sorristes, e minha mente gravou tua feição,meu peito, exausto de tempestades,
soube: encontrei terra firme.
Em ti, o meu mundo se aquietou.
As dores antigas dormiram,
e até o vento mudou de rumo
para soprar teu nome.
Tenho em ti a delicadeza do refúgio
e a força que sempre precisei.
Teu toque não cura, mas me transforma.
Teu olhar não prende, mas devolve-me a crença.
E quando me perco,
é só pensar em ti que reencontro o norte.
Margaret, meu amor,
se o universo me desse o dom de escolher
onde o tempo deveria parar,
eu escolheria o instante
em que teu coração repousa junto ao meu.
Tu és mais que a enseada que me acolheu;
és o próprio mar onde quero me perder,
a maré que me leva e me devolve à vida,
a eternidade que o acaso, generoso, me concedeu.
E se um dia perguntarem o que é o amor para mim, que já não mais acreditava nele,
responderei sem hesitar:
é o nome que o vento sussurra,
Margaret, a mulher que me devolveu a vida.
C.Araujo