Entre a casa e o cansaço

Ryan Gabriel

O despertador grita, o sol nem acordou,
ele já veste o corpo com sono e dor nas costas.
A rua o engole, o ônibus range,
e o dia começa sem pedir licença.

Na escola, o quadro branco e cinza,
a cabeça pesa mais que a mochila.
Entre fórmulas, tarefas e metas,
ele sonha mas sonhar custa caro.

Depois, o curso. O relógio zombando.
As pálpebras quase fecham de tanto querer descanso.
Os colegas riem, a mente voa,
mas o corpo segue  automático, firme, cansado.

Chega em casa às vinte e três,
com o peito cheio de silêncio e vontade de sumir.
Os pais  trovões na sala,
acusam tempestades que ele nunca causou.

“Você não faz nada direito!” 
dizem, sem ver o quanto ele tenta.
Mas ele cala. Engole o grito.
Porque amar também é aguentar, às vezes.

E quando a casa dorme, ele respira.
Olha pro teto e pensa:
“Será que um dia vão enxergar
que o meu esforço também é amor?”

No escuro, o menino sonha.
Não com fama, nem com ouro.
Mas com um “tudo bem, filho”
dito sem raiva, dito com orgulho.

  • Autor: Ryan Gabriel (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de novembro de 2025 13:33
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4
  • Usuários favoritos deste poema: Arthur Santos
Comentários +

Comentários1



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.