Cascata

Versos Discretos

A Contemplação Terna Onde a luz matinal espreita por cortinas, 
Resplandece a magia em cachos de ébano e mel. 
Em espiral densa, a franja que declinas 
Sobre o olhar profundo, num mistério de véu. 
A pele diáfana, um luar que se destina 
A ser a tela onde a ternura faz seu papel; 
Um busto em alvura, em tecido que a emoldura, 
Promessa de um toque em suave candura.


Mas sob a calma pose, a febre se insinua, 
No decote audaz que a respiração desvela. 
Onde a curva plena, sedutora, flutua, 
E o espírito anseia por rompê-la em querela. 
O desejo, em brasa, a alma já flui, 
Em teus lábios mudos, a fala que me apela: 
Um convite tácito, um ardor sem demora, 
Que a razão silencia e o sentido adora.


Assim, o anseio e a doçura se enlaçam, 
Como antigos mitos em noturna harmonia. 
Em ti, a Vênus de formas que me abraçam, 
E a Diana casta, de serena e grave ousadia. 
Que o toque se faça onde as almas se traçam, 
No epicentro rubro da perfeita alquimia: 
Pois a beleza é chama, e o amor, o seu rito, 
Onde o corpo é templo e o desejo, infinito.



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