A Contemplação Terna Onde a luz matinal espreita por cortinas,
Resplandece a magia em cachos de ébano e mel.
Em espiral densa, a franja que declinas
Sobre o olhar profundo, num mistério de véu.
A pele diáfana, um luar que se destina
A ser a tela onde a ternura faz seu papel;
Um busto em alvura, em tecido que a emoldura,
Promessa de um toque em suave candura.
Mas sob a calma pose, a febre se insinua,
No decote audaz que a respiração desvela.
Onde a curva plena, sedutora, flutua,
E o espírito anseia por rompê-la em querela.
O desejo, em brasa, a alma já flui,
Em teus lábios mudos, a fala que me apela:
Um convite tácito, um ardor sem demora,
Que a razão silencia e o sentido adora.
Assim, o anseio e a doçura se enlaçam,
Como antigos mitos em noturna harmonia.
Em ti, a Vênus de formas que me abraçam,
E a Diana casta, de serena e grave ousadia.
Que o toque se faça onde as almas se traçam,
No epicentro rubro da perfeita alquimia:
Pois a beleza é chama, e o amor, o seu rito,
Onde o corpo é templo e o desejo, infinito.