Eu era teu amigo nas noites escuras, te abraçava apertado, sentia teu medo. Enquanto o vento rugia lá fora, te guardava, menino, em cada segredo.
Mas tu cresceste, deixaste o menino para trás, tornaste-te homem, desbravaste o mundo, riste com estranhos, conheceste novas histórias, e eu fiquei, pano gasto e silêncio, perguntando ao vento que passa: — Ainda guardas algo de mim no teu peito?
Sinto teu cheiro nas bordas do quarto, ouço teus passos que não voltam mais. As paredes lembram teu riso pequeno, os fiapos do tempo ainda carregam teu calor.
Mesmo esquecido, ainda sou teu, eco do menino
que um dia fui teu amigo.
Mas o dia que precisaste de mim, não me levaste de volta para ti. Entregaste-me a outro, teu pequenino filho, e eu encontrei um novo abraço, um novo riso, um novo coração para guardar.
Para você, meu menino de ontem, para ele, meu pequenino amigo de hoje.
— richas
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Autor:
Richas (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 31 de outubro de 2025 16:22
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema de Richas é uma comovente reflexão sobre o crescimento, a perda e a natureza cíclica do amor. A narrativa começa com a lembrança de uma forte conexão na infância, onde o "eu" poético protegia e consolava o "menino". À medida que o tempo passa, o "menino" evolui para um "homem", explorando o mundo e construindo novas experiências, o que leva à inevitável separação. O poema expressa a saudade da intimidade perdida, mas encontra esperança e continuidade na transferência desse amor e cuidado para o filho do "homem", um novo "menino". É uma tocante celebração da transformação, da aceitação e da renovação do amor, mostrando que, embora as relações mudem, o afeto pode encontrar novas formas de se manifestar e enriquecer nossas vidas.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 5
- Usuários favoritos deste poema: Richas.svx, Arthur Santos

Offline)
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