O Amor Bandido — Diversão Perigosa

Luana Santahelena

Você era minha fuga preferida —

um entorpecente disfarçado de abraço.

Tinha o gosto doce de quem promete o caos

e o perfume amargo das noites que a gente não dorme.

 

Ria das minhas verdades

como quem sopra bolhas de sabão em cima de ruínas.

E eu ria também,

porque amar você era brincar de roleta-russa com o coração.

 

Na cama, a gente era fogo e ironia.

Se mordia, se perdoava, se desafiava.

Você dizia: “me ama, mas devagar.”

E eu respondia: “não sei andar onde o chão é seguro.”

 

Nosso amor tinha trilha sonora em volume insano,

cheiro de álcool e de urgência.

Deixava arranhões na pele e na alma,

como se amar fosse um esporte de risco.

 

A gente nunca soube se se amava ou se se vingava.

Entre beijos, copos estilhaçados e promessas bêbadas,

descobri que a diversão mais intensa

é a que deixa cicatriz quando vai embora.

 

Hoje, coleciono calmarias,

mas nenhuma tem o gosto elétrico do seu perigo.

Você foi meu vício mais bonito,

meu crime consentido,

meu naufrágio favorito.

 

E se o amor fosse uma canção de Cazuza,

você seria o refrão —

cheio de excesso,

cheio de fim.

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 30 de outubro de 2025 13:38
  • Comentário do autor sobre o poema: Alguns amores são como fogueiras: aquecem e queimam ao mesmo tempo. Há prazer no perigo, riso no meio do caos, e uma espécie de beleza nas ruínas deixadas por sentimentos que ultrapassam o limite do bom senso. O problema é que o fogo não escolhe o que consome — e, quando a paixão vira cinza, o coração ainda cheira a fumaça. Mesmo sabendo o risco, há algo de irresistível em quem nos incendeia por dentro.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 13
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, SaseumiH, Sezar Kosta, Arthur Santos
Comentários +

Comentários1

  • Sezar Kosta

    Luana, que coisa. Se fosse seguro, não seria amor, seria contabilidade. O seu texto é um tratado sobre a burrice deliciosa da paixão.

    Você define perfeitamente o problema: ele prometia o caos, e você ria das próprias verdades – que é a forma mais inteligente de autodestruição. O sujeito pede para amar "devagar", mas claro que você não obedece. Afinal, a calmaria só serve para fazer inveja ao perigo que é o verdadeiro tempero da vida.

    E essa conclusão, que o amor é o refrão de Cazuza, é a suprema verdade. Cheio de excesso, cheio de fim. O que prova que a diversão mais intensa é sempre a que te deixa na sarjeta, mas com uma boa história para contar. Parabéns pela lucidez no meio da ruína.



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