Luana Santahelena

O Amor Bandido — Diversão Perigosa

Você era minha fuga preferida —

um entorpecente disfarçado de abraço.

Tinha o gosto doce de quem promete o caos

e o perfume amargo das noites que a gente não dorme.

 

Ria das minhas verdades

como quem sopra bolhas de sabão em cima de ruínas.

E eu ria também,

porque amar você era brincar de roleta-russa com o coração.

 

Na cama, a gente era fogo e ironia.

Se mordia, se perdoava, se desafiava.

Você dizia: “me ama, mas devagar.”

E eu respondia: “não sei andar onde o chão é seguro.”

 

Nosso amor tinha trilha sonora em volume insano,

cheiro de álcool e de urgência.

Deixava arranhões na pele e na alma,

como se amar fosse um esporte de risco.

 

A gente nunca soube se se amava ou se se vingava.

Entre beijos, copos estilhaçados e promessas bêbadas,

descobri que a diversão mais intensa

é a que deixa cicatriz quando vai embora.

 

Hoje, coleciono calmarias,

mas nenhuma tem o gosto elétrico do seu perigo.

Você foi meu vício mais bonito,

meu crime consentido,

meu naufrágio favorito.

 

E se o amor fosse uma canção de Cazuza,

você seria o refrão —

cheio de excesso,

cheio de fim.