Manual de Sobrevivência para Amores Desastrados

Luana Santahelena

Atenção, futuros românticos —

o amor não é slow motion na chuva.

É o barulho do garfo no prato errado,

a diplomacia diante da toalha molhada

que insiste em viver fora do varal.

 

O amor é sobrevivência afetiva,

um campo minado de pequenas rendições.

É filosofia aplicada à vida real:

ceder a última colher

sem declarar independência.

 

Às vezes, penso que amar

é o maior exercício de metafísica prática:

duas almas tentando coexistir

no mesmo sofá desajustado,

entre risadas e silêncios de wi-fi instável.

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de outubro de 2025 20:45
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevo sobre o amor não como quem entende — mas como quem observa, ri e às vezes suspira diante de sua teimosa presença. Descobri que o amor não mora nas frases bonitas nem nas promessas infinitas. Ele vive nos intervalos: entre o café e o silêncio, entre um olhar paciente e uma toalha molhada sobre a cama.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 42
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta, Arthur Santos
Comentários +

Comentários2

  • Arthur Santos

    Belo poema.

  • Sezar Kosta

    Luana, minha cara, que alívio ler seu manual! Você faz um favor à humanidade ao desmistificar essa tirania do slow motion na chuva. O amor, veja bem, não é capa de revista; é diplomacia diante da toalha que insiste em ter vida própria fora do varal! E quem nunca, não é mesmo?

    Você acerta em cheio: o amor é sobrevivência afetiva. É a gente tentando ser filósofo enquanto decide quem cede a última colher. É uma metafísica aplicada, que exige de nós o esforço sobre-humano de coexistir no mesmo metro quadrado de sofá, fingindo naturalidade enquanto o wi-fi está instável — metáfora perfeita para os nossos próprios nervos.

    A grande verdade, Luana, é que só dá certo o amor que aceita a sua própria desastração. É preciso coragem para trocar a idealização pelo barulho do garfo no prato. É nessa rendição diária, nesses pequenos defeitos compartilhados, que a gente descobre que o amor não é sobre ser perfeito, mas sobre a habilidade de rir junto do caos da convivência.

    Parabéns por nos dar esse respiro de autenticidade! Seu manual devia ser leitura obrigatória para todos os futuros românticos que ainda acham que o amor não precisa de um bom senso de humor e de muita, mas muita paciência.



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