Sou o sol que deságua em leitos fúnebres, Na água fria que endurece os cobres. Sou daqueles que amolecem duros metais; Sou daqueles que brilham — e podem ser letais.
Nas profundezas, ao sol, a água clama: “Piedade! Livrai-me da dor da tua chama.” Mas o sangue dos tubarões não teme o ardor, Nem o desafio de uma natureza sem fulgor.
Enquanto encaro o sofrer dos que queimam ao fogo, Recito a mim mesmo fragmentos de um velho rogo: “Quem está no fogo, há de se queimar.” E lanço-me ao léu — tubarão que não sabe temer o mar.
Não sou sucinto; sigo firme no que fui feito. Me esbanjo, e ergo sempre o meu largo peito. Sou o peixe tonto que torra em água fervente, Sou o sol que aquece o teu mar, presente em tua mente.
Sou teu eterno amor, que repousa em um oceano pouco caliente.
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