Pressa, pessoa, Produto

Tainá Lopes



 

Ele chega cansado, o dia o feriu,
a conta atrasou, o chefe o puniu.
Carrega no rosto a pressa cravada,
e no bolso o peso da jornada.

O relógio grita, o tempo o caça,
o mundo empurra, o estresse passa.
E no caixa, entre bip e demora,
ele despeja o que o sufoca agora.

Mas há quem não sofra, nem viva em disputa,
quem fere por hábito, quem grita por luta.
Sente-se grande, por humilhar,
acha bonito fazer alguém calar.

Enquanto uns explodem por dor contida,
outros se perdem na própria ferida.
E o caixa, firme, respira e aguenta,
vira espelho de uma era violenta.

Pessoa, pressa, produto — ironia fina:
quem compra esquece que o outro se inclina.
E o ciclo gira, cego, cansado...
sem ver que ambos estão esmagados.

  • Autor: Tainá Lopes (Offline Offline)
  • Publicado: 26 de outubro de 2025 22:34
  • Comentário do autor sobre o poema: Além de desabafo, o poema é uma versão caracterizada pela visão do cliente que muitas vezes tem agir errôneo conosco.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 1


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