Ele chega cansado, o dia o feriu,
a conta atrasou, o chefe o puniu.
Carrega no rosto a pressa cravada,
e no bolso o peso da jornada.
O relógio grita, o tempo o caça,
o mundo empurra, o estresse passa.
E no caixa, entre bip e demora,
ele despeja o que o sufoca agora.
Mas há quem não sofra, nem viva em disputa,
quem fere por hábito, quem grita por luta.
Sente-se grande, por humilhar,
acha bonito fazer alguém calar.
Enquanto uns explodem por dor contida,
outros se perdem na própria ferida.
E o caixa, firme, respira e aguenta,
vira espelho de uma era violenta.
Pessoa, pressa, produto — ironia fina:
quem compra esquece que o outro se inclina.
E o ciclo gira, cego, cansado...
sem ver que ambos estão esmagados.