A dor é aquele professor chato que ninguém pediu,
mas que insiste em dar aula no meio do meu domingo.
Chega sem aviso, ocupa a primeira fila do peito
e fala alto demais sobre lições que eu não queria aprender.
Se ela fosse pessoa, eu já teria bloqueado,
ou, no mínimo, silenciado as notificações da alma.
Mas ela é persistente — e, confesso, didática.
Sabe apontar os erros com uma precisão quase carinhosa.
Às vezes me ensina mais do que a alegria,
essa aluna distraída que sempre falta nas segundas-feiras.
A dor não — ela comparece, faz chamada,
me obriga a revisar o que esqueci de sentir.
E no final da aula, quando o quadro do coração está cheio,
ela ainda deixa um dever de casa:
“Aprenda a rir de si mesma, menina.”
Foi aí que descobri o valor de um analgésico emocional
e de um bom brigadeiro na hora certa —
porque filosofia nenhuma supera o chocolate quente
que a gente derrete quando o mundo esfria demais.
E entre uma colherada e outra, eu percebo:
talvez a dor não seja inimiga,
só uma professora mal compreendida,
com um senso de humor… peculiar.
Mas eficaz,
como toda verdade que dói —
e depois adoça.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 25 de outubro de 2025 15:13
- Comentário do autor sobre o poema: A dor é aquele professor chato que ninguém pediu, mas que insiste em aparecer. Se ela fosse pessoa, já teria sido bloqueada. Mas quer saber? Ela tem razão de vez em quando. Só ela consegue te ensinar o valor de um analgésico emocional e de um bom brigadeiro na hora certa.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
- Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta

Offline)
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