Minha cabeça repousava em teu peito.
Silêncio após a tempestade —
era a nossa primeira discussão resolvida. 
— Amor? — perguntei, com a voz trêmula,
meus olhos ainda marejados.
— Você agora me ama um pouco menos? 
Tuas mãos tocaram meu rosto,
como quem tenta apagar uma lágrima
antes que ela se atreva a cair. 
— Amor... — disseste baixo —
prometo! nosso amor é como um avião.
Ele só conhece o caminho do céu,
segue em linha reta, constante.
Às vezes pousa,
mas apenas para retomar o voo
em outra direção do horizonte. 
E os anos... ah, os anos passaram.
Os aeroportos da vida se multiplicaram,
as malas se fizeram mais pesadas. 
Hoje, fecho os olhos.
Há dor, mas não há pranto.
Talvez seja isso o fim —
quando até o amor aprende o caminho de volta. 
Nosso avião, pela primeira vez,
decolou para trás.
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                        Autor:    
     
	333 (Pseudónimo (
 Offline) - Publicado: 23 de outubro de 2025 10:33
 - Categoria: Não classificado
 - Visualizações: 34
 - Usuários favoritos deste poema: SADE, Melancolia..., Arthur Santos, Jairo Muitonegro
 

 Offline)
			
Comentários2
Tão profundo e delicado — mistura dor, amor e despedida com uma suavidade rara.
A metáfora do avião é simplesmente brilhante… um voo que emociona do começo ao fim.
Linda como sempre....
Ameiiiiiiiiiiiii...
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