Minha cabeça repousava em teu peito.
Silêncio após a tempestade —
era a nossa primeira discussão resolvida.
— Amor? — perguntei, com a voz trêmula,
meus olhos ainda marejados.
— Você agora me ama um pouco menos?
Tuas mãos tocaram meu rosto,
como quem tenta apagar uma lágrima
antes que ela se atreva a cair.
— Amor... — disseste baixo —
prometo! nosso amor é como um avião.
Ele só conhece o caminho do céu,
segue em linha reta, constante.
Às vezes pousa,
mas apenas para retomar o voo
em outra direção do horizonte.
E os anos... ah, os anos passaram.
Os aeroportos da vida se multiplicaram,
as malas se fizeram mais pesadas.
Hoje, fecho os olhos.
Há dor, mas não há pranto.
Talvez seja isso o fim —
quando até o amor aprende o caminho de volta.
Nosso avião, pela primeira vez,
decolou para trás.