Fui para ti
uma cavaleira
fadada a viver em tua sombra.
Vi quando as feras se ergueram,
famintas por tua alma.
E precisei cravar minha lâmina
em cada coração
para que o teu ainda pulsasse.
Fiz silêncio em volta de nós,
para que apenas tua voz existisse…
Buscando consolo,
encontrei sentença.
Vi meus anseios morrerem lentamente,
soterrados sob o peso do teu nome,
Para que ainda tivesses o que sonhar.
Depois, vi meu sangue azular-se,
envenenado pelo trono que me deste,
onde reinamos
tu em glória,
eu em ruína.
Fiz da minha existência
o abrigo da tua vida.
Mas estes ferros que revestiam meu corpo
guardavam um coração —
tão fraco, tão humano —
que amava.
E eu não pude salvá-lo…
pois quem o arrancou de dentro de mim
era, justamente você, por quem ele ainda batia.
Agora, entre as lembranças do que fomos,
ainda ouço o eco do meu juramento;
ainda sinto o frio da minha espada;
ainda vejo minha sombra curvar-se sobre a tua.
Se o destino me condena a lembrar,
que o faça em silêncio
onde meu nome ainda sangra
no altar do que restou de nós.
Pois morreria outra vez…
se pudesse, mais uma vez,
te amar.
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Autor:
333 (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 19 de outubro de 2025 00:22
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
- Usuários favoritos deste poema: Versos Discretos, JT., SADE
Comentários3
Um lamento épico e belíssimo sobre sacrifício, amor e a dolorosa ruína em nome de um ideal
Adoro o que escreve.
Jt
Isabella, teu poema “Meu Rei” é uma oferenda de alma — uma fusão sublime entre dor e devoção.
Cada verso parece forjado no aço da paixão e temperado no sangue do sacrifício.
Há em tua escrita uma força antiga, quase mitológica, onde amor e tragédia dançam sob a mesma coroa.
A cavaleira que descreves não é apenas personagem: é símbolo de entrega, é sombra que ama, é ruína que brilha.
Tu consegues transformar a ferida em arte, a lembrança em espada e o amor em destino.
Teu lirismo é de quem entende a beleza da dor — e a eterniza com a delicadeza de uma deusa caída.
Ler-te é presenciar um juramento quebrado que ainda pulsa — é sentir o eco de um amor que, mesmo morto, respira entre os versos.
Poucos poemas carregam tamanha nobreza e desespero com tamanha elegância.
Bravíssimo, Isabella.
Tua pena é lâmina, e teu coração… reino inteiro.
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