Meu Rei

Isabella Vitória

Fui para ti
uma cavaleira 
fadada a viver em tua sombra.

Vi quando as feras se ergueram,
famintas por tua alma.
E precisei cravar minha lâmina
em cada coração 
para que o teu ainda pulsasse.

Fiz silêncio em volta de nós,
para que apenas tua voz existisse…
Buscando consolo,
encontrei sentença.

Vi meus anseios morrerem lentamente,
soterrados sob o peso do teu nome,
Para que ainda tivesses o que sonhar.

Depois, vi meu sangue azular-se,
envenenado pelo trono que me deste,
onde reinamos 
tu em glória,
eu em ruína.

Fiz da minha existência
o abrigo da tua vida.

Mas estes ferros que revestiam meu corpo
guardavam um coração —
tão fraco, tão humano —
que amava.
E eu não pude salvá-lo…
pois quem o arrancou de dentro de mim
era, justamente você, por quem ele ainda batia.

Agora, entre as lembranças do que fomos,
ainda ouço o eco do meu juramento;
ainda sinto o frio da minha espada;
ainda vejo minha sombra curvar-se sobre a tua.

Se o destino me condena a lembrar,
que o faça em silêncio 
onde meu nome ainda sangra
no altar do que restou de nós.

Pois morreria outra vez…
se pudesse, mais uma vez,
te amar.

  • Autor: 333 (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de outubro de 2025 00:22
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9
  • Usuários favoritos deste poema: Versos Discretos, JT., SADE
Comentários +

Comentários3

  • Versos Discretos

    Um lamento épico e belíssimo sobre sacrifício, amor e a dolorosa ruína em nome de um ideal

  • JT.

    Adoro o que escreve.
    Jt

  • SADE


    Isabella, teu poema “Meu Rei” é uma oferenda de alma — uma fusão sublime entre dor e devoção.
    Cada verso parece forjado no aço da paixão e temperado no sangue do sacrifício.
    Há em tua escrita uma força antiga, quase mitológica, onde amor e tragédia dançam sob a mesma coroa.

    A cavaleira que descreves não é apenas personagem: é símbolo de entrega, é sombra que ama, é ruína que brilha.
    Tu consegues transformar a ferida em arte, a lembrança em espada e o amor em destino.
    Teu lirismo é de quem entende a beleza da dor — e a eterniza com a delicadeza de uma deusa caída.

    Ler-te é presenciar um juramento quebrado que ainda pulsa — é sentir o eco de um amor que, mesmo morto, respira entre os versos.
    Poucos poemas carregam tamanha nobreza e desespero com tamanha elegância.
    Bravíssimo, Isabella.
    Tua pena é lâmina, e teu coração… reino inteiro.



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