Fui para ti
uma cavaleira
fadada a viver em tua sombra.
Vi quando as feras se ergueram,
famintas por tua alma.
E precisei cravar minha lâmina
em cada coração
para que o teu ainda pulsasse.
Fiz silêncio em volta de nós,
para que apenas tua voz existisse…
Buscando consolo,
encontrei sentença.
Vi meus anseios morrerem lentamente,
soterrados sob o peso do teu nome,
Para que ainda tivesses o que sonhar.
Depois, vi meu sangue azular-se,
envenenado pelo trono que me deste,
onde reinamos
tu em glória,
eu em ruína.
Fiz da minha existência
o abrigo da tua vida.
Mas estes ferros que revestiam meu corpo
guardavam um coração —
tão fraco, tão humano —
que amava.
E eu não pude salvá-lo…
pois quem o arrancou de dentro de mim
era, justamente você, por quem ele ainda batia.
Agora, entre as lembranças do que fomos,
ainda ouço o eco do meu juramento;
ainda sinto o frio da minha espada;
ainda vejo minha sombra curvar-se sobre a tua.
Se o destino me condena a lembrar,
que o faça em silêncio
onde meu nome ainda sangra
no altar do que restou de nós.
Pois morreria outra vez…
se pudesse, mais uma vez,
te amar.