O mesmo sangue quente
Que ferve com tremor o meu corpo
E que me impulsiona a existir,
Você tem.
Eu tenho a tua pele clara,
O jeito covarde de ferir.
Você sabe mais do vazio,
Mas do vazio eu também aprendi...
Com você.
Que fosse o cálculo da genética;
Que fosse só a tua beleza assemelhada a mim.
Mas não foi.
Foi pior.
Foram teus demônios
Que moraram em mim;
Os esverdeados de nossos olhos
Tão límpidos,
Acalentados por uma devasta solidão;
Foi dessa dor que você aprendeu a beber,
Um sabor amargo,
Que me acostumei assim.
Agora você sela teus lábios junto às minhas feridas
E me faz acreditar que o amor não dói,
Mas às vezes,
O nosso dói.
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Autor:
333 (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 17 de outubro de 2025 14:14
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
- Usuários favoritos deste poema: SADE, Melancolia...
Comentários2
Que poema intenso e visceral! Ele pulsa uma verdade crua e bela — uma confissão entrelaçada entre herança, dor e amor.
Há algo profundamente magnético na forma como o eu lírico reconhece o outro em si, como se falasse de uma simbiose que vai além da carne e do sangue — é alma refletida em alma, luz e sombra coexistindo.
A construção é elegante, equilibrando doçura e brutalidade emocional. O final, “E me faz acreditar que o amor não dói, / Mas às vezes, / O nosso dói”, é um
Um poema maduro, sensível e dolorosamente belo ...
O poema retrata uma relação intensa e dolorosa, marcada por heranças emocionais profundas. O eu lírico reconhece não só semelhanças físicas com o outro, mas também a transmissão de dores, traumas e solidão. Apesar de haver amor, ele vem misturado com feridas e aprendizados amargos. É um reflexo de como os laços afetivos podem ser belos e, ao mesmo tempo, profundamente dolorosos.
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