“Silêncio no espelho”
Há dias em que respiro
como quem engole gelo,
em que o ar pesa mais
do que o corpo aguenta.
O mundo fala alto,
mas dentro é só ruído mudo,
um eco de mim mesmo
que se perdeu no escuro.
O teto me observa,
as paredes me apertam,
e até o relógio parece rir
da lentidão da minha alma.
Não quero morrer —
quero apenas parar
essa tempestade sem vento,
esse vazio que grita.
Meu peito é um quarto fechado,
onde o sol esqueceu o caminho,
e a esperança dorme
com medo de acordar.
Mas ainda assim,
há uma faísca pequena —
uma lembrança qualquer,
um nome, um olhar, um som —
que me impede de sumir.
Talvez seja isso a vida:
seguir mesmo sem querer,
esperando que um dia
o frio desista de ficar.
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Autor:
SADE (
Offline)
- Publicado: 17 de outubro de 2025 08:35
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
- Usuários favoritos deste poema: Isabella Vitória
Comentários1
Essa faísca que habita em nós será o instinto que nos obriga a seguir, ou apenas o eco distante de uma alegria antiga vivida antes que a dor nos devorasse? Somos guerras travadas em silêncio, labirintos dentro do próprio peito. Aliás... quem pode dizer qual será o final?
Lindo teus versos... eu poderia morar neles.
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