Entre Nós

Isabella Vitória

- Me escrevestes em versos
Como se eu fosse poesia. 
Virei até soneto...
Mas sabes...
Nunca me importei com as rimas e com as regras. 
Ainda sim,
Tornei-me melodia.


Alguma vez me recitaste de verdade?
Não com a boca,
mas com a alma. 

Eu sabia... 
havia virgulas demais em mim,
Pausas que você nunca quis ouvir.
Fui pra ti aplausos,
Ecos em paginas preenchidas,
Tua escrita formosa
Cheia de palavras difíceis 
Que não diziam nada de mim. 
Você ao menos olhou pros pássaros 
Quando me escreveu?
Sentiste o peso da liberdade 
Que tanto me falta? 

Teu corpo tremeu 
Quando os meus demônios rugiram?
Quando meus olhos se fizeram noite sem estrelas? 

Sabes o que é poesia para mim?
Não é o verso que se encaixa,
Nem o fim que soa perfeito. 
é o abismo entre uma palavra e outra,
onde mora o que se não pode dizer.
Poesia pra mim
é o voo que o pássaro sonha
mesmo depois de cair.

 

 

 

 

 

- Eu te escrevi em versos 
Não porque fosses poesia,
mas porque eras dor demais 
para caber em mim.
Te vesti de metáforas 
pra que o mundo não notasse 
o quanto sangravas
E chamei isso de arte
pra disfarçar o amor. 

Não reparei os pássaros 
Pois quando olhei o céu - vazio,
Só sabia pensar que você poderia
voar para onde eu nunca alcancei. 


Quando teus demônios rugiram, 
tremi, sim.
Mas, calei-me 
Porque o poeta não sabe lutar - 
Só escreve. 
E é por isso que o verso existe:
Pra segurar o que o corpo não aguenta.

Quando teus olhos se fizeram noite,
tentei acender as estrelas com palavras. 
Mas agora entendo o que é poesia pra ti - 
não é o poema, 
nem o som do aplauso.
é o espaço entre nós
onde mora o que ficou por dizer.
E se um dia eu te prendi em rimas
é que eu não sou poeta... 
E tive medo de te perder no vento. 
Mas, prometo, amor,
na próxima estrofe
eu te deixo voar. 

  • Autor: 333 (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de outubro de 2025 15:31
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários +

Comentários3

  • Melancolia...

    Nossa...sempre intensa e profunda em tudo o que deixas escrito....

    Aplausos...

    Tirei o meu chapéu...

    • Isabella Vitória

      Grata por teu comentário. É isso que a poesia nos causa, né, poeta?

      • Melancolia...

        Bem isso querida.....
        Tentamos externar todas as expectativas de amor e dor....

        Bela escrita viu...

        Abraços poéticos a ti..

      • Melancolia...

        O ChatGPT disse:

        Este poema é uma troca profunda entre duas vozes, ambas lidando com a dor, o amor e a tentativa de se compreenderem por meio da escrita. O primeiro poema, que parece vir da voz de quem se sente presa nas palavras do outro, traz à tona a frustração de ser transformada em algo que não é – uma poesia que busca encaixar-se em regras, rimas e formas, sem alcançar a essência real de quem é. A pessoa sente que as palavras do outro, embora belas, são incapazes de capturar a complexidade de sua própria dor e liberdade. O momento de questionamento, "Alguma vez me recitaste de verdade?", revela um anseio por uma conexão mais profunda e uma comunicação que vá além das convenções formais da poesia.

        A resposta, que vem da outra voz, revela uma perspectiva diferente – a de quem usou a poesia para lidar com o peso da dor, talvez pela incapacidade de lidar com ela de outra maneira. A escrita não é apenas uma forma de expressão artística, mas uma tentativa de salvar o que é impossível de dizer diretamente, de esconder o sofrimento sob a beleza das metáforas. O verso, neste caso, é um abrigo para a dor, e o poeta admite que, ao tentar preservar a beleza das palavras, talvez tenha perdido de vista a verdadeira natureza do que estava tentando expressar.

      • thiagoreis_thy

        Que profudidade nas palavras



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