Houve um tempo em que pensei e passei a martirizar..
[Isso não vai passar]
Que eu ia acordar e no pensamento mergulhar,
passar o dia todo, noite adentro a sempre recordar,
e até nos meus sonhos, sem conseguir escapar.
Mas essa semana notei, ao descansar meu ser,
que já fazia um tempo sem me deixar entorpecer.
Hoje caiu a ficha
[eu tinha conseguido esquecer...]
E um alívio tão enorme me invadiu ao entardecer.
A perseguição da mente, e daquela obsessão,
já não me sequestram mais, nem habitam na minha razão.
Após tanta angústia, medo, culpa e o coração aos saltos,
após a ânsia imensa por apagar o passado e os sobressaltos...
Cortei os laços, apaguei tudo, segui, o tempo fez seu curso,
e as feridas, antes abertas, fecharam-se com força.
E por um instante, se não falha a lembrança,
Veio um questionamento, uma sutil lembrança...
[Tinha algo a mais pra ocupar meu pensamento]
[Além daquela sombra, daquele sofrimento?]
Mas o costume e a rotina, o conforto do conhecido,
eram uma cela antiga, um prisão do sentido.
E hoje compreendo, com o coração descoberto
[Existe mais vida após o esquecimento, após o caos do seu universo]
E que sempre haverá outros pensamentos, outros mundos a habitar,
além de uma pessoa, um único lugar.
E que jogar fora a âncora, lidar com o vazio,
é mais evolutivo, e sempre terá a melhor clareza no vazio,
do que viver no limbo, na mesmice infindável,
de sentimentos passageiros, e até de um desejo insaciável.
Viver é a resposta, o verbo mais brilhante e revigorante,
a forma mais libertadora de deixar pra trás e ser sempre constante.
E o peito, antes pesado, agora respira aliviado,
O passado nem se quer virou paisagem... e o presente, sempre trará experiência e uma nova jornada.
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Autor:
Anna Gonçalves (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 14 de outubro de 2025 00:04
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 2
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