O risco da entrega

Bruna Davylla

Sou amar demais, eu sei.

Em meu cerne, o pulsar é forte,

uma maré que não conhece a margem.

Amar sem metades, por inteiro e sem acessos,

é a natureza do meu ser.

Mas a dor tem a mesma medida:

Meu amor é tão intenso quanto meu medo.

E não te ter, amado, dói demais.

Por isso, o gesto final: a libertação.

Liberto este amor que me inunda.

Liberto esta dor que o acompanha.

Liberto o peso de não te reter

para não carregar-te com minha angústia.

Vou só. Mas deixo a porta aberta

ao que nos guia.

Se o Universo assim quiser,

se o fio for forte o bastante,

nossos destinos ainda serão um só.

Comentários +

Comentários2

  • JT.

    Adorei ler o vosso poema.
    Bravos poetisa.
    Prazer.
    JT

  • Melancolia...

    Lindoooooo.



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