Bruna Davylla

O risco da entrega

Sou amar demais, eu sei.

Em meu cerne, o pulsar é forte,

uma maré que não conhece a margem.

Amar sem metades, por inteiro e sem acessos,

é a natureza do meu ser.

Mas a dor tem a mesma medida:

Meu amor é tão intenso quanto meu medo.

E não te ter, amado, dói demais.

Por isso, o gesto final: a libertação.

Liberto este amor que me inunda.

Liberto esta dor que o acompanha.

Liberto o peso de não te reter

para não carregar-te com minha angústia.

Vou só. Mas deixo a porta aberta

ao que nos guia.

Se o Universo assim quiser,

se o fio for forte o bastante,

nossos destinos ainda serão um só.