Sou amar demais, eu sei.
Em meu cerne, o pulsar é forte,
uma maré que não conhece a margem.
Amar sem metades, por inteiro e sem acessos,
é a natureza do meu ser.
Mas a dor tem a mesma medida:
Meu amor é tão intenso quanto meu medo.
E não te ter, amado, dói demais.
Por isso, o gesto final: a libertação.
Liberto este amor que me inunda.
Liberto esta dor que o acompanha.
Liberto o peso de não te reter
para não carregar-te com minha angústia.
Vou só. Mas deixo a porta aberta
ao que nos guia.
Se o Universo assim quiser,
se o fio for forte o bastante,
nossos destinos ainda serão um só.