O Silêncio.

Brunna Keila

Falar de silêncio é algo muito importante — e, ao mesmo tempo, difícil.

Toda vez que eu paro pra falar de silêncio, eu vejo o abismo que eu sou.

E toda vez que o vejo, percebo que vou me salvando através dele.

Quantas vezes a gente questiona o outro sem ter empatia pelo que ele vive — e, às vezes, nem é uma escolha.

Faltam três meses pro ano acabar, e eu já começo a sentir saudade.

O silêncio me faz respirar.

Ao mesmo tempo que ele me cansa, ele também me desafia.

Às vezes, ele atravessa a gente — de um jeito que nem dá pra explicar.

Engraçado como, a cada dia que passa, surge uma nova sensação sobre o meu trabalho.

Hoje foi um dia triste, e tive a certeza de que o meu trabalho leva um pouco das minhas tristezas com ele.

Ainda assim, eu agradeço muito.

Vou sentir falta quando acabar.

E toda vez que eu digo isso, penso: que clichê!

Mas, na verdade, quando a gente se despede de um trabalho — de um ciclo, né? — a gente se despede de muita coisa dentro da gente também.

Às vezes, me pergunto: o que as pessoas sentem quando leem meus textos?

O que está chegando delas até mim?

Será que elas sentem essa avalanche de emoções que a gente sente ao escrever?

Ou será que não sentem nada?

Será que a falta é minha?

Ou será que elas só não querem entrar em contato com as coisas que doem?

Mas aí, de repente, a gente recebe o gesto de alguém que poderia julgar quem sofre — e não julga.

A pessoa encosta a mão em você e diz:

 “Posso te fazer um elogio? Muito obrigado. Eu me vejo em você.”

E, na verdade, quem agradece sou eu. Porque é a escrita que me faz ficar viva. Enquanto eu tiver oportunidade, eu vou escrever o melhor que eu puder.

  • Autor: Brunna Keila (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de outubro de 2025 15:37
  • Comentário do autor sobre o poema: Essa catarse foi inspirada em uma atriz incrível: Paolla Oliveira. Ela disse, com uma profundidade que me atravessou, que toda vez que ela para pra falar de Heleninha, a gente vê o "abismo" que essa mulher é. E eu me vi ali — porque, de alguma forma, também carrego esse abismo. Mas, assim como ela, transformo dor em expressão, e o silêncio em arte.
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 3


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