Eu pensava que sabia.
Do amor.
Das promessas, dos gestos, das palavras bonitas.
Mas foi só quando ele chegou,
de rabo leve e olhos de espera,
que entendi:
o amor não precisa ser dito —
ele se deita aos teus pés.
Não pediu nada.
Só ficou.
Mesmo quando não fui bom,
mesmo quando fui ausência,
ele ficou.
E ali, sem discursos,
sem exigências,
com a paciência dos que já conhecem a alma humana,
ele me amou.
Não por quem eu era,
mas apesar de quem eu era.
Não pelo que eu dava,
mas porque estava ali.
Ele me ensinou
que o amor não grita,
não mede,
não cobra.
Ama. Só isso.
Aprendi a ser melhor,
não por lições duras,
mas por olhos que me olharam
como se eu fosse o mundo inteiro.
Se existe uma forma pura de amar,
ela tem quatro patas,
silêncio na boca
e eternidade nos gestos.
-
Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 5 de outubro de 2025 06:55
- Comentário do autor sobre o poema: Eles chegam como mestres descalços, de quatro patas. O cão é a presença sagrada que transforma o chão da nossa casa em templo. Ele ensina que amar não tem margem, perdoar é um ato instantâneo e viver, ah, viver se resume à plenitude de um rabo abanando. Em sua simplicidade, reside a chave de uma vida inteira.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.