Sezar Kosta

FOI UM CÃO QUE ME ENSINOU O AMOR

Eu pensava que sabia.

Do amor.

Das promessas, dos gestos, das palavras bonitas.

Mas foi só quando ele chegou,

de rabo leve e olhos de espera,

que entendi:

o amor não precisa ser dito —

ele se deita aos teus pés.

 

Não pediu nada.

Só ficou.

Mesmo quando não fui bom,

mesmo quando fui ausência,

ele ficou.

 

E ali, sem discursos,

sem exigências,

com a paciência dos que já conhecem a alma humana,

ele me amou.

 

Não por quem eu era,

mas apesar de quem eu era.

Não pelo que eu dava,

mas porque estava ali.

 

Ele me ensinou

que o amor não grita,

não mede,

não cobra.

Ama. Só isso.

 

Aprendi a ser melhor,

não por lições duras,

mas por olhos que me olharam

como se eu fosse o mundo inteiro.

 

Se existe uma forma pura de amar,

ela tem quatro patas,

silêncio na boca

e eternidade nos gestos.