Quando o mundo fecha as cortinas,
e os corações viram pedras que fingem dormir,
o amor —
esse andarilho sem teto —
descalço e sem nome,
vai se esconder
onde só os atentos conseguem ouvir.
Vai morar no ventre da música.
Ali, onde nenhuma dor alcança,
onde cada nota é uma porta entreaberta
e cada pausa
é um suspiro antigo que ainda espera.
Esconde-se no lamento de um saxofone à meia-noite,
num piano esquecido que chora sozinho,
na voz rouca de quem canta o que já perdeu,
mas ainda ama.
Você não o verá nas manchetes,
nem nos olhos apressados da cidade.
Mas o amor sobrevive —
como um fio de melodia
escapando por uma janela entreaberta,
num apartamento qualquer,
onde alguém dança sozinho
sem saber que está sendo abraçado.
Ele se aninha entre os acordes,
feito criança em cobertor de vento,
e ali repousa,
até que o mundo se lembre
de como era
ser inteiro.
Porque quando a guerra grita,
a música sussurra.
Quando o tempo rasga,
ela costura.
E quando ninguém mais acredita —
ela canta,
como quem embala o amor ferido
sem perguntar seu nome.
A música é o último lugar.
O último abrigo.
O último sopro de beleza
antes que tudo se cale.
E quem ouve — de verdade —
não ouve só sons.
Ouve uma história escondida.
Ouve o amor,
ainda vivo,
pedindo apenas
para ficar.
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Autor:
Sezar Kosta (
Offline)
- Publicado: 1 de outubro de 2025 11:23
- Comentário do autor sobre o poema: FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MÚSICA - Quando o mundo fecha as janelas do afeto, a música acende luzes nas frestas. Ela guarda o amor em acordes tímidos, como quem esconde um pássaro ferido no peito. E ali, entre notas que choram e sorrisos que dançam, o amor espera — até que alguém o ouça e o reconheça.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
- Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta, elfrans silva, Luana Santahelena
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