Sacrilégio da Razão

Versos Discretos

Oh, o suplício da razão diante de tua imagem!
Eu tento vestir minha mente com véus de disciplina,
mas teus seios, semicobertos, insurgem como estandartes de luxúria,
e tua boca – uma chama carmesim – é o verbo da perdição.

Meu pensamento busca refúgio no ascetismo,
quer domar o ímpeto que se ergue na minha carne,
mas cada curva tua é um salmo invertido,
cada sombra de tua pele, uma heresia irresistível.

Eis a liturgia do desejo:
a mente recita orações de renúncia,
enquanto o corpo, traidor ardente,
se prostra em êxtase diante da tua nudez imaginada.

Nada me resta senão ceder à vertigem,
aceitar que és a tentação feita carne,
um sacramento profano que me consome
entre a agonia da resistência e o êxtase da rendição.

 

Comentários +

Comentários2

  • Melancolia...

    Intenso e profundo...

  • JT.

    Eita, mergulhou fundo na história.
    Bravos, poeta.
    Tenha um bom dia.
    JT

    • Versos Discretos

      Um pouco profundo. rs Obrigado JT.



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