Oh, o suplício da razão diante de tua imagem!
Eu tento vestir minha mente com véus de disciplina,
mas teus seios, semicobertos, insurgem como estandartes de luxúria,
e tua boca – uma chama carmesim – é o verbo da perdição.
Meu pensamento busca refúgio no ascetismo,
quer domar o ímpeto que se ergue na minha carne,
mas cada curva tua é um salmo invertido,
cada sombra de tua pele, uma heresia irresistível.
Eis a liturgia do desejo:
a mente recita orações de renúncia,
enquanto o corpo, traidor ardente,
se prostra em êxtase diante da tua nudez imaginada.
Nada me resta senão ceder à vertigem,
aceitar que és a tentação feita carne,
um sacramento profano que me consome
entre a agonia da resistência e o êxtase da rendição.