Boias, Tombos e Risinhos de Infância

Luana Santahelena

Amar, eu descobri,

é confiar tanto que se pula no rio

com os dois pés e nenhum plano.

E acreditar — sabe lá por quê —

que tua irmã mais doida

trouxe a boia inflável.

 

(Spoiler: ela trouxe. E ainda fez questão de encher com a boca

enquanto contava piadas ruins.)

 

Nós nunca soubemos nadar direito,

mas sempre soubemos rir.

 

Rir das quedas,

dos furos na boia,

dos gritos fingidos de pânico.

 

E, de alguma forma,

aquilo nos ensinou a viver:

rindo antes do medo,

brincando com as ondas como quem dança com dragões.

 

Você me empurrava e depois me salvava,

como todo amor fraterno deve ser:

caótico, barulhento, e absolutamente fiel.

 

Talvez crescer seja isso:

continuar pulando no rio

com a certeza boba

de que tua irmã ainda está ali —

de boia em punho e coração aberto.

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de setembro de 2025 19:54
  • Comentário do autor sobre o poema: Amar é pular no rio sem saber nadar e acreditar que alguém trouxe a boia de patinho. No fim, você ri tanto da cena que até esquece do medo.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 13
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta


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