Amar, eu descobri,
é confiar tanto que se pula no rio
com os dois pés e nenhum plano.
E acreditar — sabe lá por quê —
que tua irmã mais doida
trouxe a boia inflável.
(Spoiler: ela trouxe. E ainda fez questão de encher com a boca
enquanto contava piadas ruins.)
Nós nunca soubemos nadar direito,
mas sempre soubemos rir.
Rir das quedas,
dos furos na boia,
dos gritos fingidos de pânico.
E, de alguma forma,
aquilo nos ensinou a viver:
rindo antes do medo,
brincando com as ondas como quem dança com dragões.
Você me empurrava e depois me salvava,
como todo amor fraterno deve ser:
caótico, barulhento, e absolutamente fiel.
Talvez crescer seja isso:
continuar pulando no rio
com a certeza boba
de que tua irmã ainda está ali —
de boia em punho e coração aberto.