Disseram:
“você pode ser tudo que quiser.”
E eu acreditei.
Fui empilhando vontades como quem monta mala pra uma viagem que nem sabe se vai.
Coloquei:
duas carreiras,
quatro sonhos mal passados,
um amor reciclado,
três cursos online que nunca terminei
e meia dúzia de metas que nunca couberam em mim.
A mochila ficou pesada.
E a liberdade, que era pra ser leve,
começou a doer nas costas.
Descobri que ser livre não é poder fazer tudo —
é escolher o que deixar pra trás
sem culpa.
Hoje, carrego só o necessário:
um pouco de poesia,
alguma paciência,
e o número da pizzaria salvo nos favoritos.
E tudo bem se não for pra lugar nenhum.
Às vezes, o destino mais bonito
é conseguir sentar sem pressa
e respirar sem meta.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 15 de setembro de 2025 12:08
- Comentário do autor sobre o poema: Vivemos corroendo o presente com urgências: e-mail, conta, reunião — tudo empilhado como se a vida fosse um checklist. Enquanto isso, deixamos o essencial repousando num canto, com poeira. Mas espere: ainda há tempo para dar risada sem motivo, para dançar no meio da sala, para comer sobremesa antes do jantar. É hora de afastar o cronômetro, desligar os lembretes e deixar o lado humano dominar.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
- Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena
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