Disseram:
“você pode ser tudo que quiser.”
E eu acreditei.
Fui empilhando vontades como quem monta mala pra uma viagem que nem sabe se vai.
Coloquei:
duas carreiras,
quatro sonhos mal passados,
um amor reciclado,
três cursos online que nunca terminei
e meia dúzia de metas que nunca couberam em mim.
A mochila ficou pesada.
E a liberdade, que era pra ser leve,
começou a doer nas costas.
Descobri que ser livre não é poder fazer tudo —
é escolher o que deixar pra trás
sem culpa.
Hoje, carrego só o necessário:
um pouco de poesia,
alguma paciência,
e o número da pizzaria salvo nos favoritos.
E tudo bem se não for pra lugar nenhum.
Às vezes, o destino mais bonito
é conseguir sentar sem pressa
e respirar sem meta.