Sobre o Amor e Séries Ruins (ou Outras Formas de Persistência)

Luana Santahelena

Confesso:

já considerei fugir no meio da segunda temporada.

A trama era ruim,

os personagens tomavam decisões questionáveis

e o roteiro parecia escrito por um estagiário entediado.

 

Mas ele estava lá —

com aquela cara concentrada demais

pra algo que mal fazia sentido.

E segurava minha mão

como se o final valesse a pena.

 

Amar, talvez,

seja exatamente isso:

ficar no sofá mesmo com dor nas costas,

dividir o cobertor furado,

reclamar do episódio e ainda assim

querer mais um.

 

Às vezes penso

que o coração é uma televisão antiga —

daquelas que só funcionam direito

quando a gente bate do lado.

E o amor?

O amor é aquela paciência bizarra

de quem topa assistir tudo de novo

só porque o outro dormiu nos melhores momentos.

 

Já duvidei do roteiro da vida,

já quis apertar "pular introdução"

em alguns relacionamentos.

Mas aprendi que o mais bonito

não é quando tudo empolga,

é quando alguém segura sua mão

no meio da pior cena

e sussurra:

"tô aqui — mesmo achando esse episódio péssimo."

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 31 de agosto de 2025 12:04
  • Comentário do autor sobre o poema: Amar é tipo fazer maratona de série ruim com quem você gosta: às vezes dói, às vezes é entediante, mas você segue lá, porque o que importa é quem tá do seu lado no sofá. E no coração. Afinal, O Amor Provoca a dor Para se Tornar mais Forte...
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 20
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, JT., Sezar Kosta
Comentários +

Comentários1

  • JT.

    Tenho o habito de comentar, mas só os que leio e gosto e desse eu gostei,
    Parabéns, por adoçar o meu paladar, com a sua obra.
    Prazer poetisa.
    Tenha um bom resto de Domingo.
    JT



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.