Luana Santahelena

Sobre o Amor e Séries Ruins (ou Outras Formas de Persistência)

Confesso:

já considerei fugir no meio da segunda temporada.

A trama era ruim,

os personagens tomavam decisões questionáveis

e o roteiro parecia escrito por um estagiário entediado.

 

Mas ele estava lá —

com aquela cara concentrada demais

pra algo que mal fazia sentido.

E segurava minha mão

como se o final valesse a pena.

 

Amar, talvez,

seja exatamente isso:

ficar no sofá mesmo com dor nas costas,

dividir o cobertor furado,

reclamar do episódio e ainda assim

querer mais um.

 

Às vezes penso

que o coração é uma televisão antiga —

daquelas que só funcionam direito

quando a gente bate do lado.

E o amor?

O amor é aquela paciência bizarra

de quem topa assistir tudo de novo

só porque o outro dormiu nos melhores momentos.

 

Já duvidei do roteiro da vida,

já quis apertar \"pular introdução\"

em alguns relacionamentos.

Mas aprendi que o mais bonito

não é quando tudo empolga,

é quando alguém segura sua mão

no meio da pior cena

e sussurra:

\"tô aqui — mesmo achando esse episódio péssimo.\"