Confesso:
já considerei fugir no meio da segunda temporada.
A trama era ruim,
os personagens tomavam decisões questionáveis
e o roteiro parecia escrito por um estagiário entediado.
Mas ele estava lá —
com aquela cara concentrada demais
pra algo que mal fazia sentido.
E segurava minha mão
como se o final valesse a pena.
Amar, talvez,
seja exatamente isso:
ficar no sofá mesmo com dor nas costas,
dividir o cobertor furado,
reclamar do episódio e ainda assim
querer mais um.
Às vezes penso
que o coração é uma televisão antiga —
daquelas que só funcionam direito
quando a gente bate do lado.
E o amor?
O amor é aquela paciência bizarra
de quem topa assistir tudo de novo
só porque o outro dormiu nos melhores momentos.
Já duvidei do roteiro da vida,
já quis apertar \"pular introdução\"
em alguns relacionamentos.
Mas aprendi que o mais bonito
não é quando tudo empolga,
é quando alguém segura sua mão
no meio da pior cena
e sussurra:
\"tô aqui — mesmo achando esse episódio péssimo.\"