Velho Chico

Felippe Santos

Velho Chico

(Por Felippe Santos)

 

 

Na cadeira no canto da cozinha,

Velho Chico sentava e se punha a escrever.

Entre versos sua voz se aninha,

Histórias de quem sabia viver.

 

Homem negro de mão calejada,

Do tempo do café guardava a lição.

Mas contava com alma encantada

Seus versos de fé e de coração.

 

Um viúvo marcado de saudade

Negro simples , um tanto cansado,

Com seu velho pandeiro guardava verdades,

Segredos de um tempo passado.

 

Não falava da dor sofrida,

Nem da chibata que o feriu,

Preferia cantar e escrever a vida,

Com a alegria que nunca sumiu.

 

Para as crianças contava, sereno,

Com todo amor e ternura sem fim ,

As mais belas histórias de um mundo pequeno,

Que as faziam sorrir do inicio ao fim.

 

Mas os anos ligeiros passaram,

E os pequenos cresceram também.

Velho Chico partiu,

Deixando suas memórias no coração de alguém.

 

Hoje ninguém mais quer sentar na sala,

Nem prosear ao som de um pandeiro.

É preciso resgatar a fala

Dos avós do saber verdadeiro.

 

Velho Chico foi resistência,

Foi história, foi canção.

Ele deixou a poesia na sua ausência,

Marcando  eternamente  uma geração.

  • Autor: Felippe Santos (Offline Offline)
  • Publicado: 27 de agosto de 2025 21:41
  • Comentário do autor sobre o poema: Velho Chico é um poema cheio de vida e de historicidade. Sua beleza está na contemplação dos fatos e na simplicidade. É homenagem, ao mesmo tempo que é mensagem. Boa leitura, caros amigos leitores!!
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 6
Comentários +

Comentários1

  • Edla Marinho

    Bom dia, poeta.
    Realmente, tempos idos de uma vida simples onde os pequenos encantavam- se com as histórias contadas , relatos de passados ...

    Amei, meus parabéns!
    Meu abraço!

    • Felippe Santos

      Boa noite querida!
      Que bom que gostou, obrigado pelo comentário. ???



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