Manual de Instruções para Viver Fora da Caixa (que nunca existiu)

Luana Santahelena

A vida melhorou no dia em que parei

de tentar ser “normal” —

(uma palavra que soa como um terno apertado

num domingo de sol).

 

Passei a tomar café em xícaras desencontradas,

falar sozinha com o espelho (que responde, viu?),

e vestir combinações cromáticas

que fariam qualquer catálogo chorar.

 

De repente, ser “esquisita” virou

meu superpoder secreto.

Não voo, mas tropeço com elegância.

Não salvo o mundo,

mas dou conselhos indecisos com afeto.

(E às vezes, rimados.)

 

O que é ser normal, afinal?

Um molde invisível?

Um condomínio de comportamentos padronizados,

onde cada alma tem que sorrir igual?

 

Fiz as pazes com minhas contradições:

sou introspectiva com tendências performáticas,

amo o silêncio mas falo dormindo,

sou toda racional… até me apaixonar.

 

E olha só — o mundo ainda está girando!

O sol não pediu demissão,

os gatos continuam dormindo em posição de filosofia,

e os dias seguem desfilando suas esquisitices discretas,

como se também tivessem desistido

de fingir normalidade.

 

Descobri que ser diferente

é como usar chapéu em dia nublado:

ninguém entende, mas todo mundo olha.

E às vezes, sorri.

 

Hoje, sou só eu.

Meio verso, meio vírgula,

entre a genialidade das ideias

e a bagunça das gavetas.

 

Mas inteira.

Sem manual.

Com alguma poesia

e a decoração criativa da existência

pendurada nas paredes da alma.

  • Autor: Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 27 de agosto de 2025 09:17
  • Comentário do autor sobre o poema: A vida melhorou no dia em que parei de tentar ser “normal” — até porque ninguém nunca soube o que isso significa. Agora eu sou só eu: às vezes esquisita, às vezes genial, sempre autêntica. E olha só, o mundo ainda está girando! Ser diferente não é defeito, é decoração criativa da existência.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10
  • Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta
Comentários +

Comentários2

  • Sezar Kosta

    Cara Luana, sabe o que é a vida? Uma invenção. E a gente, feito bobo, insiste em procurar um manual de instruções. O seu poema, com sua sabedoria leve, nos avisa que o manual não existe.

    E ainda bem. Porque a normalidade, como você diz, é um terno apertado. É a gente a querer caber num molde invisível que não foi feito para ninguém. A verdadeira liberdade está em ser um pouco esquisita, em conversar com o espelho, em tropeçar com uma certa elegância. A vida não precisa de lógica, precisa de poesia. E a sua é feita com a bagunça das gavetas e com a decoração criativa da existência. Esse é o segredo. Ser inteiro, sem manual.

  • Metamorfose

    Seu poema é um abraço à própria singularidade.
    Celebra a beleza de ser diferente,de tropeçar com elegância, de amar suas contradições.
    Entre cafés desencontrados e conversas com o espelho,você me lembra que a normalidade é só um molde invisível
    e que a liberdade verdadeira mora em se aceitar inteira,com poesia, bagunça e cores que ninguém entende,mas que fazem o mundo sorrir um pouco mais.
    Abraços poéticos!



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