A vida melhorou no dia em que parei
de tentar ser “normal” —
(uma palavra que soa como um terno apertado
num domingo de sol).
Passei a tomar café em xícaras desencontradas,
falar sozinha com o espelho (que responde, viu?),
e vestir combinações cromáticas
que fariam qualquer catálogo chorar.
De repente, ser “esquisita” virou
meu superpoder secreto.
Não voo, mas tropeço com elegância.
Não salvo o mundo,
mas dou conselhos indecisos com afeto.
(E às vezes, rimados.)
O que é ser normal, afinal?
Um molde invisível?
Um condomínio de comportamentos padronizados,
onde cada alma tem que sorrir igual?
Fiz as pazes com minhas contradições:
sou introspectiva com tendências performáticas,
amo o silêncio mas falo dormindo,
sou toda racional… até me apaixonar.
E olha só — o mundo ainda está girando!
O sol não pediu demissão,
os gatos continuam dormindo em posição de filosofia,
e os dias seguem desfilando suas esquisitices discretas,
como se também tivessem desistido
de fingir normalidade.
Descobri que ser diferente
é como usar chapéu em dia nublado:
ninguém entende, mas todo mundo olha.
E às vezes, sorri.
Hoje, sou só eu.
Meio verso, meio vírgula,
entre a genialidade das ideias
e a bagunça das gavetas.
Mas inteira.
Sem manual.
Com alguma poesia
e a decoração criativa da existência
pendurada nas paredes da alma.