Uma Receita de Saudade

Minha Caixa de Pandora

Na cozinha da infância, tudo era festa,
com mãe de avental e alma de orquestra.
O cheiro subia, dançava no ar,
biscoito frito começava a cantar.

O café borbulhava em tom de carinho,
chá de erva-doce traçava o caminho.
E o leite fervido, quase em rebelião,
desenhava nuvens no fogão do coração.

Tempero de mãe não se compra, não se ensina,
é pitada de riso, abraço e rotina.
Um toque de olho, uma colher de afeto,
e pronto: o almoço vira um manifesto.

Arroz soltinho com alho dourado,
feijão encorpado, bem temperado.
Farofa crocante, cheirinho de bacon,
e o frango na panela, que nunca dá erro.

Pão de queijo quentinho, saindo do forno,
com gosto de abraço e cheiro de outono.
Mingau de milho raspado da panela,
brigadeiro de colher, festa singela.

O bolo assando é surpresa da tarde,
com cheiro que abraça e fica comigo.
E mesmo distante, a lembrança é fiel:
saliva a saudade, feito caramelo.

Ah, comida de mãe — poema servido,
em prato de amor, bem colorido.
Quem prova uma vez, guarda no coração,
porque mãe cozinha com pura emoção.

  • Autor: Medusa (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de agosto de 2025 23:50
  • Comentário do autor sobre o poema: Comida de mãe é quase uma linguagem secreta, feita de afeto, cheiro e memória. Escrevi este com poema com aquele toque nostálgico que faz a barriga roncar e o coração sorrir.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 13
Comentários +

Comentários1

  • Rosangela Rodrigues de Oliveira

    Nossa que lindo, dá uma saudade de boas épocas onde havia reuniões aos domingos. Parabéns poetisa pelo poema.



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