Manisfesto do desencanto

Arthur Mello Noos

Houve tempos em que eu buscava a perfeição.
Chafurdei em decepções, acumulei desesperança.
Cavei fundo minha caverna e adormeci.
Não tenho a intenção de retornar a correr pela vida;
As emoções sempre morrem em pequenos vazamentos.

Vivo nas regravações onde ainda existe algo de mágico.
Ao beber da fonte do saber, o despertar nos acolhe e, ao mesmo tempo, castiga.
Não sou mais quem eu pretendia ser.
Existo como um repositório de ideias, sem moedas de amor.
Vivo, embora já não movimente o ar nem cause impressões,
Sou apenas um penhasco sem fim, com mensagens e ideias que não propago.

Enquanto mostram um mundo perfeito que não existe,
Mercadorias falantes expostas com rótulos mentirosos,
Mentalidades construídas pela ilusão da satisfação plena, tendenciosa,
O melhor esconderijo para este existir apocalíptico
É recolher-me no casulo da minha própria mente.

 

Arthur de Mello Noos

  • Autor: Arthur Mello Noos (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de agosto de 2025 09:35
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4
  • Usuários favoritos deste poema: JT.
Comentários +

Comentários1

  • JT.

    Muito bom o seu dito, mas ao mesmo tempo, um acervo de incentivo a covardia de se existir, cá para nos, no certo mesmo e ser poeta, que ninguém leva a serio mesmo por sermos fingidores.
    Prazer.
    JT

    • Arthur Mello Noos

      Boa noite,

      Agradeço seu comentário e sim, a covardia em alguns momentos pode vencer a vontade, mas devemos fazer germinar novamente a vontade que será mais forte ao renascer.
      Enfim, fases que passamos e aprendemos.
      Prazer em conhece-lo meu nobre.



    Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.