Houve uma época
em que se podia escrever sobre a mesa.
A poeira era vermelha
e caía com leveza.
Nas tardes, ecoavam
cantos de pássaros,
gritos de meninos,
vários tons, mesmo compasso.
Brincadeiras, ah!...
Pega-pega, gude, pião,
mãe da rua, pique-salve,
esconde-esconde, pega-ladrão.
A poeira vermelha sumiu,
aprisionada sob o asfalto.
A terra já não sente a chuva,
não há mais cheiro de mato.
Houve uma época
em que se podia escrever sobre a mesa.
A poeira era vermelha,
a liberdade, uma beleza.
Em meio ao caos,
pendendo da varanda, está
uma flor de plástico, sem odor,
entre a cambacica e o beija-flor.
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Autor:
Dinho Eremita (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 22 de agosto de 2025 06:44
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
- Usuários favoritos deste poema: Shmuel
Comentários1
Sinto saudades desta época! Teu poema me fez voltar para este tempo! E pude sentir as tuas palavras.
Abraços,
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