- I -
Eu não sou daqui, não tenho plano
Não nasci ainda, sinto que caí da teia
E completo, incrédulo, duas dezenas e meia
Pro círculo contínuo do seu gregoriano
De meus pais, herdei o líquido maravilhoso
E também o rei de todos os bens – o Amor
Dom bonito jorra num coração batedor
Sua cachoeira deságua em meu rio formoso
- II -
Sol, se fito-lhe, me ilumino sozinho
E minha sombra se esquece de mim
Mas o calor dos raios sem fim
Tira-me a cor do caminho
Acordado, sonho e saio a passear
Devagarinho, a pressa me consome
Já nem sei o que sou: velho ou jovem
Só suspiro que aqui não posso ficar
- III -
No caminho lancino-me o pé
Lerdo, ainda creio que estou certo
A justa forma há de estar perto
Nascente de dúvidas seca na fé
Cactos, sozinhos, embalsamam o calor fatal
Camaleões, filhos do Sol, foliam com a cor
Os espinhos daqueles atiçam a dor
Às patas destes que rebelam o natural
- IV -
A luz do Sol me acerta às vezes
Mente sã me alimenta sempre
Ela é o caminho, fora do ventre
Pra exceder de doze os meses
Eu, que nem sou daqui, não tenho plano
Sou camaleão rebelde pro meu tempo
Enquanto há cor, estou com meu pensamento
Contrariando, só, quem ficou no embalsamo
- Autor: Divaldo Ferreira Souto Filho ( Offline)
- Publicado: 24 de agosto de 2020 16:25
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 11
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