DISTIMIA
Não ter forças para se levantar
Céu escuro em todo amanhecer
Em tudo ver motivo pra chorar
Torna-se costumeiro o sofrer
Como se fosse sempre tempestade
Não vê do sol, os raios jamais
Não sabe o gosto da felicidade
Sempre à deriva, nenhum cais
Colhendo da alma seu pranto
Sorvendo o gosto dessa nascente
Sal que tempera o triste canto
Sem decifrar, ao certo, o que sente
Não vê no jardim nenhuma flor
Tentando expressar em poesias
Um vazio, inexplicável dor
Não sabe, mas isto é distimia
Edla Marinho
16/10/2016
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Autor:
Edla Marinho (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 19 de agosto de 2025 13:28
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 11
- Usuários favoritos deste poema: Fabricio Zigante, JT.
Comentários2
Olá, amiga Edla!
Assim é. Quando o marasmo e a falta de vontade se apodera de nós, para enfrentarmos a realidade da vida, é um problema sério de facto.
Gostei deste excelente poema para se refletir em alguns comportamentos.
Beijinhos e feliz dia!
Boa tarde, amigo poeta!
É muito mais comum do que se pensa ou se sabe.
Esse marasmo que deixa a pessoa sem ação, muitas vezes interpretado como preguiça é uma dor invisível aos outros olhos.
Escrevi esse num dia em que me achava melancólica e imaginei: Se eu que não tenho depressão estou assim, sem coragem, como não será com as pessoas que sofrem desse mal?
Obrigada por ter dedicado um tempinho para ler meus versinhos.
Felizes dias pra você, meu amigo.
Obrigada por estar por aqui em minha escrivaninha, meu abraço!
Muito bonito, como diria Drummond, uma boa poesia é triste. Mas eu diria, como Adélia Prado, que é ora alegre e ora triste. Deixe-me compartilhar um de Baudelaire( soneto como sei que gostas) que li hoje nessa mesma linha:
De profundis clamavi
Imploro-te compaixão, ó meu único amor,
Do fundo deste abismo em que agora sucumbo.
É um universo morno o horizonte de chumbo
Em que nadam na noite a blasfêmia e o horror.
E seis meses no céu plana um sol sempre frio,
E seis meses a noite é imensa e tumular,
É um país bem mais nu que a terra polar,
--Sem verde, sem bosque e sem animal e nem rio.
No mundo não existe um horror comparado
Ao frio tão cruel deste sol congelado,
A noite imensa igual à do caos ancestral;
A sorte invejarei do mais vil animal,
Capaz de mergulhar no seu sono inconsciente,
Com os fios do tempo a dobrar lentamente.
Charles Baudelaire, As flores do mal (1857) Trad. Pietro Nassetti
Boa tarde, poeta!
Poxa! Que alegria é saber que tirou um tempo para ler e comentar meu poeminha.
Disse muito bem, eu realmente amo demais os sonetos e sempre tive o sonho de aprender a fazê-los...
Sua interação postando este soneto em comentário deixou- me muito feliz.
Este sim, expressa o mesmo tema, mas jamais ousaria comparar meu singelo escrito com ele.
De todo jeito, é uma honra te- lo aqui em meu cantinho poético.
Obrigada, obrigada, obrigada, meu abraço!
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